23 de janeiro de 2010

XVIII - IMENSIDÃO


   Pessoas vazias. Olhos vazios. Corações vazios. Mentes vazias. Expressões vazias. Discursos vazios. Sentimentos vazios. Abraços e beijos vazios. Máscaras preenchidas e feitas de todo esse vazio. Máscaras que expressam felicidade contínua, inteligência avançada, amores imortais, textos e textos convincentes. Máscaras que eles, os homens, já não sabem mais como viver sem. Animais irracionais em quase todas as questões que enchem o peito ao dizer que estão no topo da cadeia alimentar. Contudo percebe-se que não conseguem ao menos proteger-se da própria natureza através de seu arsenal de dependências tecnológicas. Como seres tão dependentes podem ser superiores? Duplas personalidades. Duplos sentimentos. Duplas razões e percepções. Gostava mais deles quando acontecia ou melhor, era possível sentir realmente saudade de alguém. E as cartas eram comuns. Mais ainda quando a palavra urgente possuia um significado real, porque atualmente ela é indiferente. Tudo a nossa volta é urgente, isso quando na verdade não era pra ontem. Gostava mais quando podíamos amar. Até mesmo o mar sente falta de nossa sinceridade e de nossas reflexões com os pés molhados por suas águas. Até mesmo o mar.


Para onde foi a imensidão dos homens?


Giovanna Malavolta

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