4 de janeiro de 2010

VIII - ESSÊNCIA


   Ela já não sabia mais. Naquele lugar tudo era tão bom, mágico. Era a parte de seu mundo irreal em sua realidade. Era o lugar onde a melancolia apenas surgia quando estava nas músicas e nas falas. Era uma tensão saudável, a maturidade, a responsabilidade. Era o espaço em que ela podia ser o que não era. Em que podia fingir e onde as paredes não indicavam limites, ao menos para sua mente. E simultaneamente, era o lugar em que podia ser ela mesma sem censuras. Um plano onde todos se entendiam, ou talvez não. Na verdade, talvez fosse um dos poucos equívocos em que os participantes ainda verdadeiramente se respeitavam. As pessoas daquele curioso lugar traziam para ela apenas o bem, mas Ele trazia um bem que ela desconhecia há algum tempo. No palco ela descobriu que não existe certo número de melhores amigos e aqueles que nos falta afinidade podem se tornar grandes aliados. Lá de cima, sentada no terraço ela via a cidade se acender e todas as luzes. Sabia que abaixo o clima estava a contagiar. O silêncio falava, as músicas calavam e toda a farsa encantava. Aquilo para ela era a essência da vida, da sua pequena e vasta vida. Era uma das razões de tudo. Era a razão e ela não a trocaria por algo. Mas havia uma contradição nisso porque talvez, mesmo sem ela perceber, existissem outras razões.


Giovanna Malavolta

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