3 de janeiro de 2010

O vento.


   Procurar por alguém que não se conhece é difícil. Procurar por algo que não se faz ideia é confuso, sem muita lógica. Procurar sem atenção, pior. Mas, e procurar por si mesma? Conhece, e está extremamente atenta, em grande parte das vezes, durante a busca. Mesmo assim, nem sempre consegue. Cai e levanta sem muita firmeza. Mas sua fé é mais forte, acende sua chama. Porém a vida prega-a tantas peças, que a desanima. Ela fecha seus olhos, ela luta, persiste. Entretanto tudo está mudando, ela sente-se perdida. E quando sua única esperança é a que um outro alguém encontre-a?! Perdida em alguma esquina, em algum cruzamento sem saber por onde seguir. Por onde ir? Norte, sul. Leste, oeste. Afinal, o que isso significa? De que servem tantas direções sem orientações? Ela precisa daquele alguém que dará-a vida. Com um simples gesto. Sutilmente pegue suas mãos e leve-a de volta para casa. Ela precisa de um lar. De um aconchego. Sentir segurança através de palavras de carinho. A vida entra em ação. Ou melhor, as ilusões são desiludidas. Esse alguém demora. Ela espera, está cheirosa. Seu meio sorriso está evidente. O perfume vai perdendo seu efeito. Percebe e senta nas escadarias da deserta praça. Seu rosto está sério. O alguém ainda não apareceu. A rosa que segurava nas mãos começa a murchar. Ela sente e chora e briga consigo. Ela não sabe porquê. O que ela está fazendo ali? Esperando quem? Ela só quer melhorar. O vento parece querer falar. Ela só quer sumir e esquecer tudo, quem ela perdeu, o que ela poderia ganhar. A noite vai chegar, o tempo não esperará por ela. O vento fala. Pega e leva suas lágrimas consigo. Diz para não ficar assim, onde está o brilho dos olhos que ele gosta tanto? Ela resolve não esperar mais. A primeira estrela surge. Sua rosa já perdeu as pétalas, e ela nem se deu o trabalho de fazer bem-me-quer. Ela anda, e para. Pensa e realmente resolve ir embora. Sai caminhando pelas ruas escuras sem querer mais nada. Já se conformou. Diz para o vento não a seguir. As folhas voam pelo chão. Ela esbarra em alguém. O vento agora canta, a canção da noite e de sua solidão. Mas ele está feliz. Ela pensa, aquele pode ser o amor de sua minha vida, mas não olha para trás. Continua andando. O vento não sopra mais. Ele virou e pensou: "Talvez seja por ela que estou procurando.". Percebe que ela deixou cair um caderno. Pega-o e guarda consigo. O vento traz o perfume que ela achava que já havia saído, de pétalas de rosas. Ele guarda aquele cheiro e vai para casa. Ela melhora, sente-se um pouco melhor. A esperança está em sua natureza. Apesar de tudo, ela sabe que esse tudo mudará. Vai dormir sorrindo. "Nos meus sonhos mando eu." E adormece. O vento canta...


Giovanna Malavolta


(Dedicado àquela que sem sua insistência meus textos nunca sairiam de minha mente, Gabriela Reis Angelo )

Um comentário:

  1. Depois desse texto e dessa dedicatória, as palavras se perderam. Obrigada, mesmo. Você é muito mais do que importante para mim. ♥

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