20 de fevereiro de 2010

VII - UM .


   Eles eram simplesmente eles. E ela resolveu que não tocaria mais num passado distante que, sinceramente, não queria para si. Resolveu que tudo que aconteceu antes deles eram meras lembranças. Não as ressuscitaria mais para fazer comparações ou mesmo para esclarecer sentimentos. Tudo isso ela já fizera e acreditava que ele já compreendera o que ela sentia. Todos, palavra que ela não gostava nem um pouco de citar, acreditavam que ele a amava muito mais do que ela sentia por ele. Esses comentários a magoavam. Afinal, ele pode sim ter começado a amá-la muito antes do sentimento ser recíproco. Mas quando aconteceu do coração dela parar de bater por um segundo, os amores se igualaram. Talvez achassem que ele era muito mais apaixonado por fazer declarações públicas de amor. Mandar flores, lindos buquês, comprar lindas alianças, fazer loucuras de amor como ir até a casa dela doente embaixo de chuva, ou mesmo mentir para todos afirmando ser o aniversário dela para poder entregar as rosas. Não se pode negar que sim, ele a amava e MUITO. Mas todo aquele amor era explícito, diferente do dela. Ela possuía sérios problemas com as palavras ditas e por isso ninguém entendia como ele podia desejá-la tanto. Ela era o alguém que quase não falava de amor. Que não gostava de dizer Eu te amo, e muito menos fazer juras de amor em forma de serenata. Mas o que os outros não sabiam era que ela, na verdade, gostava de expressar-se em palavras. Podia não saber dizer oralmente como se sentia, mas se pedissem para ela escrever páginas e páginas de seus sentimentos em textos, ela não acharia dificuldades. E era através disso que ele a amava. As pessoas viam as loucuras dele de amor, mas não viam e muito menos liam as dezenas de cartas que ela escrevia. As cartas em que ele ria, chorava e arrepiava-se. As cartas em que só ele via o quanto ela o amava e o quanto ela era louca por ele. Enquanto esses outros, até hoje, acham que ela não o merece, não a conhecem. Não sabem como ela adaptou-se a ele. Como eles amadureceram juntos e como possuem muitos e muitos sonhos juntos. Como se apóiam mesmo morrendo de ciúmes e saudades. Mas deixando os outros de lado, eles já estavam a um tempo juntos. 
   Eles agora estavam fazendo aniversário. Um ano juntos. Para os que juntaram-se agora, uma eternidade, para os que estão muito tempos juntos, só o começo. E nesse um ano, ela o ensinou a dizer o que sentia através de cartas. Assim como ele a ensinou a falar o que passava-se dentro de sua mente um tanto quanto confusa. Ele a ensinou muitas coisas. Ensinou a rir de si mesma ao cair. A não surtar quando ele não atende o telefone ao primeiro toque. Ensinou que chocotone com sorvete é a melhor coisa que existe. Quer dizer, a melhor coisa de comer que existe. Porque a melhor coisa que eles aprenderam juntos, foi amar. E como o amor é o melhor sentimento que existe. Ele também a ensinou a não se preocupar-se tanto com o peso e que ele é aquele famoso príncipe encantado desejado por todas; ao citar um texto que acredita-se que essas um dia tenham lido e escrevido para algum menino, coloca no perfil do orkut, como subnicks do msn. É, aquele que descreve o novo modelo de príncipe, aquele mais ou menos assim: Encontre um homem que te chame de linda em vez de gostosa. Que te ligue de volta quando você desligar na cara dele. Que deite embaixo das estrelas e escute as batidas do seu coração, ou que permaneça acordado só para observar você dormindo.Espere pelo homem que te beije na testa. Que queira te mostrar para todo mundo mesmo quando você está suando. Um homem que segure sua mão na frente dos amigos dele. Que te ache a mulher mais bonita do mundo mesmo quando você está sem nenhuma maquiagem e que insista em te segurar pela cintura. Aquele que te lembra constantemente o quanto ele se preocupa com vocÊ e o quanto sortudo ele é por estar ao seu lado. Espere por aquele que esperará por você... Aquele que vire para os amigos e diga “É ela!” . Ele também a ensinou, a muito custo, uma coisa muito importante. A ensinou falar em primeira pessoa. 


Giovanna Malavolta




( Dedicado ao meu T.G.P. )

18 de fevereiro de 2010

► ARTE COMTEMPORÂNEA



OP ART


VI - AMIZADE

   A amizade vai além de promessas de eternidade, de presentes e palavras. A amizade verdadeira baseia-se na cumplicidade mútua e a certeza de abrigo em momentos difíceis. Supera intrigas e futilidades da vida e compartilha os mais gostosos sabores da diversão ou da simples companhia. Resume-se a risadas sem motivos, olhares de acolhimento, gestos de carinho, respeito e compreensão. Aflora na alma a felicidade em ver o amigo feliz e saber que com ele tudo se pode contar. É confiar sem se preocupar com censuras e viver em duas almas distintas, mas que formam apenas uma. Completa-se a vida e ganha-se a certeza de que a solidão está bem longe de casa. Verdadeiro amigo é a alma generosa solitária, aquela que dá sem querer receber, entretanto na verdade ganha muito mais. Saudade é um sentimento vivo pela distância mas nunca faz com que nos esqueçamos de nosso amigos, daqueles verdadeiros amigos. Afinal somos eles e eles tornam-se nós. 


Os verdadeiros amigos em nossa existência são eufemismos de nossas tristezas e hipérboles de nossas alegrias.



Giovanna Malavolta




*Há muito tempo esse texto foi escrito para a minha "amiga von".

V - EU TE AMO / "Don't it mean "I love you" ?"

Eu te amo é uma expressão muito forte pra ser dita da boca pra fora ou por simples obrigação.




Giovanna M.

IV - NARCISISMO

Ela é aquele tipo de . . .  


Alguém que não liga para o que os outros pensam,
Que oferece abraços grátis.
E que mergulha em pensamentos em que 
Domina seu mundo na ponta do lápis. 


Alguém que já tocou as estrelas,
Que já riu até doer
E da bom dia para as paredes pois
Fascina-se por viver. 


Alguém que sonha sem limites,
Que canta no chuveiro.
E é aquela que não é de ninguém mas
Possui o mundo inteiro.


Alguém que se sente diferente,
Que sempre possui um porém.
E acredita que por isso
Sempre gostava de ir mais além .


Giovanna Malavolta

17 de fevereiro de 2010

► ARTE COMTEMPORÂNEA



POP ART



III - JANELA

   E pela janela ela olhava. Olhava a pureza daquelas pequenas mãos ao brincar na neve e ignorar o frio. Notava os pequenos devaneios presentes desde de sempre. Presenciava a perfeição nos singelos erros nas asas dos anjos desenhados no chão. Imaginava aquele universo paralelo da qual ela mesma um dia fez parte. Um universo no qual tudo era possível e todas as pessoas sorriam. Outro universo em que todas aquelas outras discussões não existiam. Ela um dia vivera naquele universo em que tudo era perfeito. Mas resolveu deixá-lo para trás. Mesmo que isso significasse colocar um pouco mais de cinza em seus dias ensolarados. Afinal, se tudo aquilo que uma vez criara não poderia ser contado como história, e realmente sentido pelo coração por não ser verdade, não valeria a pena continuar fingindo. Em sua infância talvez aquilo tenha sido realmente saudável para livrá-la da triste situação em que os sonhos nem sempre se realizam. Mas como Shakespeare diria, uma criança descobrir que suas fantasias não podem ser levadas adiante seria uma verdadeira tragédia. Mas ela não era mais uma criança. Mesmo sendo cedo demais para isso. Mesmo sendo cedo demais para perceber que quando nossos pensamentos estão nas nuvens, seria bem melhor manter os pés bem presos ao chão. Para dizer a verdade, em sua concepção descobrir isso sempre deveria ser cedo demais. Mas quando se sabe o tamanho do tombo, às vezes a dor é menor. Dor. Naquele seu universo isso só existia quando ralava os joelhos tentando aprender a andar de patins. Chega, pensou. Agora ela fazia parte de um outro mundo. Desse que todos fazem parte. Era isso. Agora ela só precisava de sua pá. Para enterrar tudo aquilo que ela vira pela janela. Ela via através do vidro meio fosco por sua respiração quente a si mesma brincando na neve há muitos invernos passados. Colocou seu cachecol roxo. O mesmo desses mesmos tantos invernos. E ela então enterrou seu cemitério. Seu cemitério de lembranças. Tudo isso dentro de um pequeno e raso buraco na neve. Tudo isso ainda dentro de seu mundo imaginário. O mesmo mundo que pensava ter deixado para trás . . .


Giovanna Malavolta

10 de fevereiro de 2010

II - CONTRADIÇÕES


   Ela não sabia onde. Ela não sabia como. Ela não sabia porquê. Ela nunca fez parte de um conto de fadas em que acreditasse. Mas os fazia acreditar. Ou melhor, eles acreditavam porque queriam. Porque "achavam". Ela nunca possuiu a chave para entrar naquele castelo. Nunca soube qual estrada pegar para chegar até ele. Entretanto, os outros afirmavam que lá era sua casa. Que a janela mais alta era a sua vista para o pôr-do-sol e seu despertar pelo amanhecer.. Que todos aqueles tijolos demonstravam sua força interior por trás de toda sua delicadeza ao falar, esclarecida nos detalhes das portas decoradas em ouro. Sua varinha não possuía uma real magia, um encanto que se pudesse pegar nas mãos. Apesar de jurarem que ela transformava as coisas e mais notável do que tal ação, as pessoas. Porém, se num dia distante ela chegou a usar essa fascinação, não possuía ideia de como. Ela não usava um vestido de princesa lilás ou mesmo uma coroa. Contudo, era assim que todos a enxergavam. E era por isso que os rapazes retiravam seus, finos ou não, chapéus ao verem Ela passar. E como resposta,  Ela fazia o que mais gostava, sorria. Ela também desfrutava do medo do escuro e de outros tantos medos. Todavia, diziam que Ela não sabia o que eram receios, pois emanava uma luz. Isso com certeza a protegia de tudo e a livraria da escuridão. "Ela? Uma verdadeira princesa aos dezesseis. Tão corajosa e bondosa. Simplesmente uma moça que pode ter sua cabeça nas nuvens mas sem tirar seus pés do chão. Tão humana." Enganados tantas e tantas vezes. Ela era simplesmente um alguém escondido atrás de uma pintura. Como todos os outros. De uma tela com a mistura de cores como maduridade, força, racionalidade, bondade, certezas e esperança. Um espelho para muitas meninas que ainda vivam em seus mundos cor-de-rosa repletos de sonhos. Esperança, este era o único fator que inteiramente fazia parte de seu interior e exterior. Já em questão dos outros, ela também tinha seus contra pesos. Ela também sofria de momentos repletos de infantilidade, momentos de medo, sentimentalismo, raiva. Momentos de incertezas. No entanto, enquanto ela conseguisse pintar a paz nos muros da cidade, ela estaria satisfeita. Enquanto ela ainda conseguisse compreender a todos e mostrar amor à vida. Enquanto ela conseguisse ser realmente e interiormente humana. Enquanto ela não precisasse dizer adeus. Se fosse para espalhar o bem ela continuaria satisfeita. Satisfeita com a imagem que possuíam dela. Mesmo sabendo que sua vida era normal, seu castelo resumia-se a seu caderno, que sua varinha era seu lápis, seu vestido e sua coroa: as fitas. O medo eram os borrões e rabiscos que ela tanto detestava ao escrever, não gostava de errar. Bem, apesar disso, ela permanecia satisfeita. E talvez até vivesse mesmo num mundo só seu, num mundo quem sabe, imaginário entre as linhas.


Giovanna Malavolta

I - AQUÁRIO

Sabe, existem amigos e amigos e várias classificações. Os melhores, os piores, os pra rir, os pra chorar, etc e etc. E existem aqueles que são iguais a você. Entendem porque você está surtando do nada e porque você se ofendeu. Entendem a felicidade e a compartilham com você. Entendem no que você vê felicidade e satisfação. Entendem que não existe cor mais bonita do que o verde. Entendem que escolher qual vestido usar  é uma tarefa desafiadora. Entendem que os comentários matinais são quase um dever ou uma simples forma de pensar ou agir. Sabem a que você dá valor e que também você odeia e ama ao mesmo tempo o dia do aniversário. Sabem que você estará para tudo e que esses amigos também estarão. Sabem que você detesta chamar a atenção explicitamente, tudo deve ser muito sutil. Sabem qual tipo de menino chama sua atenção e aquele que não possui muitas chances com você. Entendem que as pessoas com o tempo mudam mas a amizade não. A sua intensidade permanece e a cumplicidade aumenta. Talvez porque esses amigos sejam só um dia mais velhos do que você. Talvez porque possuam o mesmo signo, ou o mesmo gênio difícil ou a mesma capacidade de ser legal. Talvez porque na infância vocês não se gostavam muito. Talvez porque vocês estão crescendo juntas. Talvez porque simplesmente seja pra ser. Ou mesmo porque nós amigas somos raridades. Raridades Raras. 

Giovanna Malavolta

"As alegres meninas que passam na rua , com suas mochilas , às vezes com seus namorados . As alegres meninas que estão sempre rindo , comentando os acontecimentos da sala de aula ou da festa passada , essas coisas sem importância . O uniforme as despersonaliza , mas o riso de cada uma as diferencia . Riem alto , riem musical , riem desafinado , riem sem motivo , riem . As alegres meninas , um dia mais sérias , que estam crescendo juntas tornando-se adultas , essas mulheres ."
(Parte do texto "Essas meninas" de Carlos Drummond de Andrade com pequenas alterações.)

2 de fevereiro de 2010

Fevereiro.

     
   O primeiro do menor mês. O mês do carnaval, que hoje infelizmente é apreciado de maneira um tanto quanto sem arte em certas questões; Apelos desnecessários se é que entendem. O mês das festas e praias. Das marquinhas de biquíni e os amores que não sobem a serra. O mês do reinício das aulas e toda aquela rotina imposta e intocável não tão legal assim. O mês em que começam a entregar todas aquelas folhas na escola que nós sempre juramos que foram abduzidas antes mesmo de chegar em casa. O mês de outras fantasias. O mês que ela mais gosta e ao mesmo tempo, em seu começo, é o que se encontra mais azeda. Talvez seja o inferno astral. Essas constelações nunca pegam leve com ela. Talvez sejam as pessoas chatas que ela reviu na escola. Que, provavelmente, muitas até o fim do ano serão grandes amigas suas. Talvez sejam os hormônios (Ouçam os conselhos das mulheres: elas de tpm são O terror). Talvez sejam as chuvas constantes que abriram o mês. Ela anda chateada, sente falta dos dias de céu completamente azul. E, justo nesse mês que é o mais curto, todos os dias não poderiam ser lindos? Fechados apenas por uma garoa, os beijos na chuva são os que ela mais gosta. Assim como os banhos. E ela sabe que quando piscar esse mês terá acabado. O carnaval já terá passado. Os amores terão passado e a cor da pele estará também desbotada. A rotina já estará acomodada, mesmo incomodando.  Sua taxa hormonal estará nos conformes. O inferno astral terá passado e ela será mais velha. Isso tudo até que as águas de março cheguem e fechem o verão. Ou talvez o abram, afinal o tempo não é algo tão previsível assim nesses últimos tempos. Tempos em que a natureza não está feliz. // Ano de ela começar a pensar no que está acontecendo no mundo. Ano de crescer. Ano do mundo aprender. Ano do mundo se tocar.


Será que é tão necessário assim ter um ano dedicado a isso para notarem que algum detalhe está errado? 


OBS: Não que seja algo demais a temperatura do planeta subir 2º Celsius e com isso geleiras derreterem, ilhas sumirem pelo aumento do nível do mar, milhares de pessoas desabrigadas, secas em certos lugares e alagamentos em outros. Vamos ver, espécies em extinção, efeito estufa, câncer como o de pele pelos fortes raios solares sem a proteção da Terra. Falta algo? Talvez a intensificação de certos fenômenos climáticos como ilhas de calor, formação de furacões... A, esqueci de outro pequeno detalhe. Lixo em excesso, prováveis guerras. E para fechar a coletânea de detalhes: Falta de água. Pensando bem, é necessário mesmo um ano dedicado a isso.


2010 - Ano Internacional da Biodiversidade