5 de janeiro de 2010

XIII – QUÍMICA


Era uma quinta-feira. O dia estava frio ao amanhecer. Ela acordou, admite que com um pouco de preguiça mas estava inspirada. Resolvera que iria arrumada para mais um dia de sua rotina imprevisível. Mas antes de levantar da cama lembrou-se dele. Suspirou e sorriu com a alma. Depois disso repassou todas as informações que estudara na noite anterior. Afinal, hoje ela possuiria prova de química. Trocou-se, fora para a escola. O viu passar e aquilo lhe encheu o peito de alegria, mas ele não a viu. Não importava, ela o tinha visto mesmo que de longe, rapidamente, e isso bastava para valer seu dia. Passaram-se as aulas, ele permanecia em seu pensamento. O céu estava azul, esquentara. No intervalo ela ligou para ele, cheia de amor e paixão fechou os olhos ao ouvir sua voz. Ele não a tratou como o de costume, foi seco. Assustou-a sua reação, sua voz. Era tão comum se falarem no intervalo de suas aulas, um esperava a ligação do outro. Coisas típicas de casais apaixonados. Dessa vez ele mostrou-se ocupado e sem poder dar atenção a ela. Chateou-se, ele não era assim. A próxima aula ela teria a prova de química, na verdade um laboratório. Ela ficou emburrada. Chamaram, ela foi azeda sem perceber. Será que ele sabia que possuía o poder de deixá-la assim? Será que ele sabia que nem mesmo ela, a dona daquele sentimento imenso de saudade, conseguia explicar o que sentia? Recebeu as folhas e leu-as. Ela era a encarregada de fazer os cálculos, o resto do grupo de fazer os experimentos. Concentrou-se como o de costume e não percebeu uma presença a mais naquele laboratório. Ele desceu as escadas pela janela a sua frente e ela não o vira. Todos o viram, menos ela. Estava imersa em seus pensamentos. Ouviu a voz dele. Não olhou, sentiu um frio na barriga, arrepiou-se, não podia ser. Notou que todos pararam. Ela simplesmente colocou as mãos no rosto, ainda sem olhar. Sentiu o perfume dele, sim ele estava ali. Ao olhar notou que ele estava com flores. Rosas. Duas brancas e uma cor-de-rosa. Ele disse que estava à procura da menina mais bonita e pediu para que o ajudassem a encontrá-la. Ela se levantou e ficou a frente dele com as mãos e pernas trêmulas. Percebera que ele também tremia. Olhou-o nos olhos, eles brilhavam. Os dela estavam perdidos, só conseguiam enxergar o amor que aparecia em sua frente. Ao fundo ouviu aplausos. Todos aplaudiam, as professoras impressionaram-se. Os meninos o acharam corajoso, as meninas, romântico. Já ela via nele tudo por aquilo que procurava, mas não esperava encontrar. Via nele o amor. Descobrira que naquele dia fizera mais de que um laboratório de química. Fizera um laboratório da vida. E o mais importante dela, o do amor. Se ela fosse o experimento naquele momento diria que as reações que aconteceram dentro de si não eram explicáveis pela química. Ela naquele momento parou de respirar. Ele a abraçou. Naquele instante descobriu que “para sempre”, “eu te amo”, “amor”, “paz”, “paixão” não eram nada comparado àquilo que ela sentiu. Absolutamente Nada


Giovanna Malavolta 


>> Baseado em fatos e dedicado a Tiago Gola Pedro . (:

Um comentário:

  1. É... e como eu me lembro desse dia.
    Simplesmente sem palavras ou sentimentos para explica-lo.
    Acho mesmo que só nós dois para entender o que se passava naquele momento ^^

    s2.

    ResponderExcluir