4 de janeiro de 2010

IV - MEDO


   Ela estava com medo. De respirar, e perder o cheiro dele. De dizer adeus, e ser a última vez. De dar um último abraço, e ser o último. De dar o último beijo, e precisar de ao menos mais um. Ela sentia-se perdida, porque só perto dele encontrava-se? Ela não queria dizer isto a ele, afinal, ele sentir-se-ia seguro e deixaria de tentar conquistá-la mais a cada momento. E isso era o que mais a encantava! Ela também lutava para tornarem-se melhor a cada momento, cada gesto, cada carinho. Muitas vezes queria dizer que ele era tão lindo aos olhos dela, mas controlava-se. Às vezes, escapava. Ele possuía uma certeza tão grande nos olhos, que a assustava ainda mais. Como ele podia ser tão seguro? E desse modo alimentar ainda mais seus sonhos com os lírios amarelos pela praia? Lírios e um vestido branco. Ele estava falando a verdade, e ela sentia o mesmo. Ela acreditava. Num futuro distante, e ainda mais no presente. Acreditar já não era um verbo que fazia parte de seu vocabulário, ou dicionário em questões de amor. Medo, medo. Ela de repente sentia uma vontade de chorar, sem saber por quê. O coração apertou, os olhos fecharam-se. A simples ideia de perdê-lo era insuportavelmente trágica e dramática. Isso a fazia rir. Lágrimas misturadas ao riso, realmente nem ela a entendia. A felicidade era tão forte, a necessidade de tê-lo perto de si. O medo voltava. Ele ligou, ao ouvir sua voz, o medo foi embora. O amor não era algo que se poderia entender.


Giovanna Malavolta

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