8 de janeiro de 2010

XV - QUINZE ANOS



Idade mágica. Idade de crises. Idade de transições. Idade de planos. Idade de mudanças mentais e corporais. Idade de começar a pensar no vestibular. Idade de festas com vestidos longos e quinze casais. Idade de espinhas. Idade de viajar. Idade de fazer dietas loucas para entrar naquele vestido. Idade de refletir. Idade de fugir. Idade de acreditar que já se sabe de tudo. Idade de rir sem se preocupar porquê. Idade de sonhar. Idade de "pior do que sonhar", realmente acreditar no que se sonha. Acreditar que é com aquele menino que sorriu para você e iluminou todo o seu redor que iremos casar. Acreditar que a profissão que escolhemos hoje será com certeza aquela que vamos cursar. Acreditar realmente que chegou o dia tão sonhado e a idade tão invejada nas meninas mais velhas que achavam-se as adultas. Acreditar, inutilmente, que já somos donas de nosso próprio nariz. Acreditar que os quinze anos são para sempre. Acreditar que já não precisamos de alguém. Acreditar que nunca mais iremos amar outra pessoa e que a nossa vida que mal começara acabou. O tempo passa, percebemos que sim, é uma idade maravilhosa. Mas as responsabilidades chegam e o ensino médio também. Perda de amigos e mais um monte deles aparecendo todos os dias. Os professores avisando para irmos com calma com o hormônios que estão mais do que a flor da pele. Os pais preocupados com o amadurecimento das filhas. As mães com os novos namorados. As meninas de quinze anos começando a perceber que o tempo passa e com ele passa a dor. Nós, preocupadas apenas se alguém realmente irá nos amar, para as românticas incorrigíveis, se já estamos estudando o bastante para passar numa universidade pública para as desesperadas e se o tempo irá parar, para as sonhadoras. Passa-se um pouco mais de tempo e também começamos a notar que essa tal idade não é eterna. Que existem sonhos maiores do que aqueles em que construíamos nossas bases. Que melhores amigos vêm e vão.  Que existem outros príncipes encantados, ou vampiros na nova moda. As bexigas que não foram estouradas, murcharam. Agora está ainda mais perto de tudo aquilo que se preocupavam aos quinze. Aos poucos quinze. E quando se dá conta aquela festa acabou e você está assoprando as velas dos dezesseis.


Giovanna Malavolta

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