20 de julho de 2010

It's time to realize .

Era um deque.  A mais ou menos a hora do crepúsculo.  O sol encontrava-se pouco acima dos prédios e das grandes construções. O trem passava acima da grande ponte que unia os dois lados da cidade. Ao fundo os sons eram distintos, e alguns delicados como o alerta de que uma bicicleta estaria a passar. Os barcos navegavam calmamente e, por um instante, nao tao breve assim, ela amou estar ali. Nesse pequeno momento ela entendeu. Entendeu que estava num momento único em sua vida. Bem, ela considerava  todos os momentos como únicos, mas, desse tipo, esse era o primeiro de muitos que viriam. Ela , sentada ali num mundo totalmente novo. Pessoas de todo o mundo em um que nao era o seu. Línguas mesclavam-se e algumas vezes ela sentia falta da sua. Sentia falta das pessoas que amava. Mas ela estava ali. Com o clima agradável e pássaros brancos no céu. Com risos como plano de fundo e olhares acolhedores daqueles que diziam que iriam sentir sua falta. Ela também iria sentir a ausência de tudo aquilo. Das antigas construções tao diferentes de sua comum realidade. Da calma e de todo o verde que sempre estava ao seu redor. Ela so teria que confessar que nao sentiria falta da comida. Afinal, nada compara-se aquela que sua mae faz. Enfim, ela parou para observar. Pés dentro da agua, possibilitando um momento de reflexão para aquelas pessoas que fugiam de sua vida corrida e ocupada. Um pouco mais a frente, pessoas lendo livros. Atras, amigos. Nacionalidades totalmente diferentes, línguas, comidas e hábitos. Amigos. Uma viagem que possibilitava a união de pessoas que se nao estivessem ali, naquele momento, nao teriam a oportunidade de aprender e compartilhar tudo o que um dia aprenderam. Interrompendo suas letras por um segundo ela se perdeu, mas descobriu que ganhou mais um fita. Um sorriso. Uma amiga, e um abraço. Na verdade, mais algumas fitas. Desse lugar ela levaria presentes, que resumiam as lembranças com essas pessoas tao diferentes e especiais. E ela saberia que nem mesmo as fotos, poderiam retratar aquilo que ela guardaria na memória. Agora, o sol ja estava meio encoberto e ela podia tirar os óculos de sol. Podia ver, apreciar e compreender a beleza e aquele cheiro de agua. E reconheceu as cores do céu. Amarelo, laranja, azul, rosa e verde. E lembrou da janela de seu quarto. Lembrou de tantas tardes que passou  sentada, apenas sentindo e refletindo. As vezes ela esquecia que o céu azul era o telhado do mundo inteiro. E que aquele sol e aquela lua que ela conseguia ver, eram os mesmos em qualquer lugar que ela estivesse. E que pessoas sao pessoas. Nao importa de onde elas vem, ou como elas falam.  Nao importa se elas gostam das mesmas coisas que você gosta, elas podem ser suas amigas. E ela nao estava falando de colegas.
Ela estava falando de uma coisa diferente. De uma coisa que pra ela, nunca vai passar. 

Giovanna Malavolta