4 de janeiro de 2010

VI - CRENÇAS


   Disseram que ela possuía sorte, ela sorriu, mesmo sem saber o que essa palavra realmente significava. Comentaram para colocar a cama em uma determinada posição em casa de acordo com o feng shui, ela revirou os olhos simpaticamente. . . Afirmaram que ela era bonita, mas e daí se era aparente essa classificação? Quando criança, disseram-lhe para não passar debaixo da escada, e até hoje ela nunca entendeu por que. Avisaram para sempre ter cuidado com os espelhos, porque quebrar um era sinônimo de azar. Mas afinal, que diabos era azar? Nunca deu muita atenção a esses detalhes, chamados por muitos de superstições. Sorte e azar para ela não eram nada mais do que substantivos totalmente abstratos. Mesmo ouvindo a frase: "Freud explica.". Confiava mais em suas intuições e certas coisas ela simplesmente sabia, sem outro possível fundamento. Muitas adivinhava. Dava maior importância ao vento procurando falar ao amanhecer. A seus passos na areia levados pelo mar. Para as infinitas cores de um crepúsculo. Para a melodia da natureza composta pelas árvores e pela vida. E para a composição das estrelas no céu. Compreendia que as coisas só funcionavam se você acreditasse. Sim, ela dava uma importância particular a seus tsurus, mas eles eram feitos com um significado, ao menos para ela. Sentia a harmonia e a grandeza dos pequenos gestos espontâneos. Sabia que olhares e abraços silenciosos diziam exatamente o precisava-se ouvir. E esquecia-se de respirar em seus beijos. Procurava manter seu equilíbrio. E notara que um colo amigo pode afastar tudo e todos por um instante. Ela acreditava em si mesma, e no amor. . De todo o resto, ela só ouvira falar.


Giovanna Malavolta

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