22 de dezembro de 2011

Castanho .

A preferência por olhos claros sempre fora uma característica forte nela. Verdes lindos, mas ainda assim, se pudesse escolher, escolheria os azuis. Lembravam-na do mar e do céu, tão infinitos quanto seus sonhos. Não que desprezasse os outros, era mesmo somente uma questão de preferência. Mas uns escuros chamaram sua atenção. Não sua coloração, mas sim seu modo de ver. Eles conseguiam ver o que tinha dentro dela. Eles a encontravam numa multidão, no escuro, nos sonhos. Então ela percebeu uma coisa tão sutil quanto um piscar de olhos. Tudo mudara: o modo de respirar, de sentir, de ver. O batimento acelerou, as mãos cruzaram-se atrás do pescoço e os corpos se aproximaram e as borboletas surgiram. Ela mudara uma opinião de anos naquele simples beijo. Porque a cor dos olhos é totalmente indiferente quando eles se fecham e as cabeças se aproximam. E nesse momento, só alguns conseguem enxergar o que não se pode ver. 

Giovanna Malavolta

17 de dezembro de 2011


Para você conseguir fazer alguém feliz, você tem que ser plenamente feliz sem essa pessoa ao seu lado. Amores não são muletas, são bônus.

think, thinking, thought .

Os realistas também sonham, só que eles fazem isso de olhos abertos.
Na verdade, bem abertos.

Giovanna Malavolta

5 de dezembro de 2011

Margaridas

Ela começou a interminável ladeira a qual um dia fora tão curta. Mas naquele momento, não tão distante assim, mas longe o suficiente para refletir um sorriso e não mais um vazio, o cansaço ofegava. Céu cinza, vento gélido e um silêncio moderado de uma grande cidade não eram nada comparados à solidão que a acompanhava sem ficar para trás. Com os braços cruzados e os olhos não mais vivos e direcionados ao horizonte, ela subiu, reparando pela primeira vez na calçada em que pisava. Até que uma casa, aquela casa, chamou sua atenção como o de costume. Paredes amarelas, janelas azuis e um imenso jardim.. Este que sempre tivera aqueles anões atormentadores, com olhos grandes e gentis demais, juntamente aos cataventos. E quando ninguém parecia notar sua presença, nem mesmo os pássaros, elas sorriram. De um modo que somente elas sorriam. Então, ela, delicadamente, apanhou uma e decorou os cabelos ondulados junto a um grampo. E também expressou o que poderíamos quase classificar como um meio sorriso. E hoje, ao passar por lá novamente, cumprimentou-as, depois de tantos anos. Mas elas não ligavam para a pele envelhecida, ou as mãos já não tão joviais, ou mesmo o cabelo curto. Elas sorriram e se deixaram apanhar com a mesma vontade de 50 anos atrás. 

Giovanna Malavolta