15 de março de 2012

You'll know it when you feel it .

Estava um dia agradavelmente frio, ela resolveu sair para colocar as ideias no lugar. Existiam coisas demais dentro dela, sentimentos demais, medos demais. Estava sozinha, como em boa parte do tempo, e foi até o cais da cidade. Deitou na grama, colocou seus fones de ouvido e olhou pro céu. Ele não estava nem azul, nem cinza, meio que um meio termo. E, de repente, uma lágrima caiu. Ela sabia exatamente o que estava acontecendo e, pela primeira vez na vida, aceitou o choro. Fechou os olhos molhados, e lembrou dos tantos sorrisos que já não via há tempos. Sentiu os abraços, ouviu as risadas, lembrou-se do gosto do beijo dele. Sentiu uma coisa que ela não sabia explicar, uma coisa que ela antes dizia não sentir. Saudade. Mas que sentimento mais estranho, não? Um tanto quanto curioso também. Mas a imagem dele ficou mais forte que a dos outros, e ela percebeu que ali aparecia mais um sentimento ainda não catalogado em sua lista: o amor. Seria isso mesmo? Ou estava ela só confundindo tudo como costumava fazer? Tirou a foto que carregava na carteira e passou o dedo lentamente sobre o sorriso dele, e pareceu sentí-lo ali, por uma fração de segundos. Isso estava tão errado de seu ponto de vista, não deveria acontecer assim. Ela não podia ter feito o que fez, ter dito o que disse. Mas nunca antes tinha sido tão verdadeira. Estava certa em mostrá-lo que seu coração estava totalmente em suas mãos? Estando tão longe, distante e ausente? Quem sabe? Ela estava sentindo uma coisa tão diferente. Uma coisa que não existe. Mas que um dia ela ouviu falar que só saberia quando sentisse. Talvez estivessem certos e não fosse só fantasia. Ela notou que existem certezas que não se conhece a origem, elas só estão lá. Nesse mesmo dia, na hora do almoço ela comeu em um restaurante chinês e ganhou um biscoito da sorte e ao quebrá-lo estava escrito: Don’t be afraid of fear. Abrindo a carteira novamente pra guardar foto, deixou aquela mensagem cair. Então ela resolveu mandar o texto feito, temperado com água salgada do mar e de lágrimas. E, talvez, com uma pitada amor. 

Giovanna Malavolta