Ela começara mais ou menos cinco textos aleatórios sobre os mais aleatórios assuntos. Cotidiano, ironia, amizade, arte, indecisão. As ideias eram boas, mas não conseguia passar das primeiras quatro ou cinco linhas de cada um. Quando a cabeça está cheia demais fica complicado escrever. Ao tentar ignorar seus sentimentos e seguir Fernando Pessoa, descobriu que toda essa tentativa foi um total fracasso. "Sinta quem lê", dizia ele.. Mas ela não. Não conseguia desvincular suas pequenas doses de sorte de seu coração, de seus pensamentos, de suas dúvidas. Ela precisava esvaziar sua mente, sair, se divertir. Ela precisava rir. Passou seu batom preferido e colocou seu melhor perfume. Saiu pela noite com seus amigos e a diversão a acompanhou em cada passo. Contagiou e coloriu cada rua escura e fria. A felicidade surgiu para acompanhar. O desejo, a espontaneidade e a paixão invejaram e resolveram acompanhá-la também. Então, a inspiração veio. Chegou numa madrugada em que ela não estava a espera de nada a mais do que risos sem motivo ao lado de seus amigos. Veio com um olhar sincero. Com uma personalidade diferente das outras. Um alguém que chamou sua atenção. Uma paixão de uma noite. Uma paixão que lutou contra o inevitável amanhecer. Uma paixão que não ligou para nada além do momento. Sobre o depois? Como ela mesma disse: Amanhã está muito longe. Aprendeu com os erros a pensar no agora e aproveitar o momento. Mais tarde é muito tarde. E as coisas se arrumam por si só. Ele deu a ela a força que ela precisava para sair da monotonia das " primeiras quatro ou cinco linhas". Ele a surpreendeu e a fez sorrir por sorrir. Ele simplesmente tinha um jeito tão ardente, um sabor tão diferente.
Giovanna Malavolta
Giovanna Malavolta
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