Ela não conseguia mais escrever, dessa forma simples assim foi se perdendo, pouco a pouco, sem saber onde colocar um ponto final em toda aquela confusão contínua em sua mente, sem mesmo uma pausa para respirar no cansaço já maior que sua força, maior que sua capacidade de esquecer, perdida nos tantos dias em que já não dormia, apenas pensando em porquês ou talvez porquê não, sem encontrar respostas em um coração, de forma repentina, transformado em algo vazio, gelado, descrente em qualquer palavra tentada a explica-la o amor, dar respostas, ah, essas eram as piores, só a confundiam mais ou a faziam perceber que talvez ela devesse mesmo continuar sozinha, mesmo não querendo estar sempre sozinha em meio às multidões indiferentes sem a diferença que ela sente tanta saudade, sente uma vontade de ir embora, qualquer lugar que a faça pensar menos, mas não seja longe o bastante para fazê-la esquecer, não, ela não queria esquecer, apesar de tudo, lembrar era uma das poucas coisas que a mantinham afastada de sua lucidez perigosa de onde surgiam todos aqueles questionamentos, todas as acusações em primeira pessoa as quais ela não tinha meios para se defender, e em meio a sua maturidade precoce, aceitar que ela era mesma a errada, mas os atos, o que fazer, quando, talvez esperar, ela detestava esse verbo, e assim, em todos os sonhos jogados ao vento, à sorte em que ela não acreditava existir e num destino platônico criado pelos homens, ela esperaria, ela viveria, ela não sabia o que faria, na verdade, e depois de tudo, de quase cansar de tanto pensar, adormeceu . . .
Giovanna Malavolta
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