Ela começou a andar e andar sem olhar para trás, com uma respiração ofegante. Viu a ponte, em meio à escuridão, ao medo e ao cheiro de praia, e decidiu seguir para ver até onde daria. O barulho das tiras de madeira retorcidas arrepiava, mas não conseguiu fazê-la parar. Chegou até o fim, no meio do mar. Aqueles deques comuns dando em lugar algum. Toda aquela imensidão azul marinho, da cor da noite, deixara-a apenas ver as estrelas e a lua no céu. Sentou-se, fechou os olhos e as águas, antes calmas, agora começavam a se agitar. Ondas formaram-se, fortes e altas, pintando um mar bravo e perigoso. O vento também surgiu, esvoaçando seus cabelos e formando um vendaval. Ela só queria esquecer. Por que às vezes torna-se tão difícil o que sempre fora fácil? Já fazia tanto tempo, e ela continuava com os mesmos sonhos, erros e vícios: sua consciência cansada, seu coração pesado e suas mãos vazias. Deitou e tentou contar as estrelas. Elas continuavam a brilhar.. Eram tantas e mesmo assim não conseguiam iluminar seu caminho. A tempestade começou e tudo o que ela conseguia ouvir eram os trovões. A água quente da chuva tocou seu rosto e escorreu por seu corpo. Aquela noite, do farol, pescadores comentaram que nunca antes viram o mar bater com tanta força nas pedras e interferir tanto no rumo dos barcos, um vento fora do comum e do previsto para uma noite calma e quente de verão. Lendas dali surgiriam após o mar destruir todos os deques, deixando apenas um, onde uma garota fora encontrada no dia seguinte, adormecida, como se nada houvesse acontecido. " Tudo isso porque seu amante, o mar, não aguentou vê-la triste e provar o gosto salgado de suas lágrimas. " - é isso o que contam, e dessa vez não se trata apenas de uma história de pescador, mas de um coração partido.
Giovanna Malavolta
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