- Escreva o que você sente, querida… - Disse a tia, desde sempre muito amiga e disposta a ajudar, à sobrinha, tão pequena diante de seus olhos, tão frágil e inocente. - Eu já volto.
Passaram-se alguns minutos, o tique-taque do relógio mostrava à garota como o tempo demorava para passar. Os segundos eram tão lentos quando se para para prestar atenção. Encarou a folha e fez um coque no cabelo com a caneta. Mordeu os lábios como costumava fazer quando impaciente. A tia voltou, com um copo de achocolatado, e um ar de preocupação que logo transformou-se em espanto.
- Por que a folha está em branco?
- Porque eu não sinto nada.
Num lapso, a tia percebeu que aquela garotinha, já era quase uma mulher, aos dezessete anos, com sonhos jogados ao vento e os olhos molhados. Para ela, continuaria sendo delicada e com brilho nos olhos, mas por enquanto não passava de mais uma com o coração partido.
- Você costumava escrever para esquecer. - Disse, numa tentativa frustada de despertar um sorriso naquele semblante indiferente.
- Hoje, é o vazio quem me preenche. Não tenho o que colocar para fora.. O que me falta, é o que colocar para dentro.
Levantou-se, soltando os cabelos e escrevendo na folha algo que a tia ainda não consegui decifrar. E eu também não, particularmente.. E você ?
Menti para mim. Esse foi o único erro.
E saiu, sem ninguém saber ao certo quando voltaria.
Giovanna Malavolta
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