XI - QUESITOS

Ela deitou em sua cama, colocou as mãos por trás da cabeça, olhou para o teto e começou a encará-lo. Encontrou-se a pensar como aquilo tinha acontecido. Ela fizera uma ficha com todos os quesitos necessários para seu próximo amor e ele não seguia a alguns. Não que ele destoasse completamente do esperado, mas possuía detalhes totalmente opostos ao que ela pensava que estava à procura. Refletiu por bom tempo... "Nós não nos aproximamos pelas qualidades. Caso isso fosse verdade, os não-fumantes, os sinceros, os educados e os honestos possuiriam filas quilométricas de pretendentes. Nós não nos afastamos pelos defeitos. Pois, ao seguir essa regra, os ciumentos, os mentirosos, os insensíveis e os indecisos jamais encontrariam alguém para estarem juntos. Então pelo o que nós nos apaixonamos? Gostos musicais ou culinária são apenas detalhes. Podem ser os mesmos e você acaba acreditando que foram feitos um para o outro, ou mesmo totalmente diferentes e você simplesmente sabe que os opostos se atraem. Quando se ama tanto faz, você acaba por encontrar um ponto positivo. Nós não nos apegamos tanto assim ao físico, os olhos claros encantam mas os escuros podem ser até mais sedutores e sinceros; e o abstrato segue a mesma linha de pensamento. Ele pode ser contra a metafísica e você filosófica, acreditarão que é até melhor assim, pois terão assuntos para discutir.. Talvez seja o jeito. O jeito de olhar, o jeito de abraçar, o jeito de proteger. Gestos, momentos e pequenas ações. Um magnetismo acima de qualquer percepção consciente." Afinal, quando ele chega perto dela um frio na barriga estranho acontece, o toque arrepia e o modo de segurar as mãos parece demonstrar um encaixe perfeito. No fim ela descobriu.. Aquilo que "achava" precisar estava errado. Com ele ao seu lado, o riso sincero respondia a questão. Pelo o que nos apaixonamos? Ela ainda descobriria, mas enquanto isso ela sabia ao menos "por quem". Ele, exatamente do jeito que é, era o que ela precisava. 

Giovanna Malavolta