"Para Capitu, Machado
Para uma mulher, Clarice
Para Guimarães, Brasil
Na terceira margem do rio" - (Para todas as coisas - Ana Cañas)
Ela já não sabia sobre o que escrever. Ou mesmo o porquê disso. Para si a sua arte de escrever, se é que poderia chamá-la assim, não teria razões para existir se não fosse fazer diferença na vida de um outro alguém. A seu ver, os valores estavam cada vez mais complicados de serem compreendidos. Contudo, a sociedade os atribuía outros adjetivos como sendo, nessa imensa insensatez, justos e liberais. Primeiramente, caso ela pudesse perguntar, a abordagem seria: "Defina LIBERDADE". Após isso, concordaria com o conceito liberal. Ela não defendia frentes socialistas ou muito menos anarquistas, pelo contrário, não fazia sentido para si pessoas lutarem, morrerem e tentarem convencê-la de algo que nunca antes dera certo. Infelizmente ou não, ela cria no automerecimento. Entretanto, retornando à idealizada justiça, possuía seu ponto de vista. Este era crítico, conhecido apenas por si mesma e confuso. Sim, como os nós que demos e depois nos arrependemos por não conseguirmos desatá-los. Como uma rede social pode ser considerada justa por não possuir preconceitos, ou mesmo por extingui-los e puni-los se proíbe a defesa do réu? Quiçá como o fato de você não apoiar algum movimento o faz ser contra ele? Ela era um tipo raro de pessoa, não possui preconceitos raciais, de opção sexual ou sociais. Mas, compreendia que outros os possuíssem há tempos e nem por isso, nem pelo fato de discordarem dela, não deveriam merecer respeito. Hoje, Ela vê pessoas indo äs ruas lutarem por seus direitos. Para si, teoricamente, estes estão corretos. Porém, a forma de todas essas manifestações vai além de sua forma de compreensão. Na linha da história do famoso homo sapiens houve tempos remotos, uns de avanço, outros conhecidos como Tempo das Trevas. Posteriormente, renascimento e só felicidade... Há algum tempo, todavia, "o futuro já não é mais como era antigamente", e o orgulho brota da imoralidade. As pessoas não podem dizer o que elas pensam dentro de seus limites morais. Isso a fazia enlouquecer. Apresentava-se de diante de seus olhos uma censura ditatorial em massa assim como nos tempos em que a humanidade nada evoluiu. Isso não seria uma forma de preconizar aquele que possui o preconceito? Paradoxal. Antes a culpa era remetida à Igreja. Hoje? Ela estava tentando descobrir. Talvez fosse a alienação, o governo, o capitalismo, nós mesmos. Toda espécie ao alcançar seu potencial biótico máximo e ultrapassá-lo possui tendências a entrar em extinção. Os homens acreditam que por se considerarem semideuses na Terra podem escapar do triste enredo. Ela já não possui tanta certeza assim. E ela notava toda essa anarquia na arte. A música banalizada, em que as grandes mentes que surgiram foram sendo esquecidas sem a mínima preocupação de conservar a cultura. O Teatro sempre preconizado, acreditando ser algo para a elite ou mesmo desinteressante. A Literatura ignorada, considerada antiquada e incomparável aos fantásticos romances contemporâneos de contos de fadas ou livros de autoajuda que até mesmo Ela ao ler encontraria erros gramaticais. A Literatura que Ela tanto amava, apoiava-se e sonhava. Mais que isso, nela encontrava meios de concretizar seu mundo das ideias. Ela queria mudar o mundo e muito mais. Ela queria possuir algum dom.
Liberdade é Pouco.
O que eu desejo ainda não tem nome.
Clarice Lispector.
Ela estava à procura desse neologismo ainda não identificado.
Giovanna Malavolta