E quando ela percebeu não era cedo, nem tarde demais. Não era o momento certou ou o momento errado. Simplesmente o instante. Indubitavelmente ela sentia saudades. Abstração, sentimento ou mesmo incerteza com que ela nem sempre se deu bem. Considerada como desprendida e independente, não precisava de tudo sempre. Nem das coisas, nem das pessoas. [Afastava-se daquilo que exigia-lhe laços. Não possuía qualquer tipo de vício.] Nem mesmo de seu pequeno refúgio. Ou talvez não. Talvez ela precisasse sim voltar ao mundo da menina singular. [Aquela cujo codinome surgiu de uma simples música, num simples momento.] Talvez ela fosse normal e sentisse medo. Mas ela não era normal. Mesmo assim, enquanto não fosse resgatada pelos seres de seu planeta, continuaria sujeita a sentir medo. A seu cenário e mundo imaginário, parecidos ou não com o famoso wonderland de sua infância. Com suas paredes coloridas com todos os tons de palavras. Perfumadas pelas sílabas. Com o gosto doce de cada letra. Com os decalques macios dos pontos, das vírgulas, das reticências. E com suas músicas favoritas sempre entre aspas. Ela era uma parte importantíssima de si mesma. A parte da coragem, da força e da segurança. Uma das partes que mais mudava, que era uma metamorfose ambulante. E, mesmo assim a essência era a mesma. Sempre, como as aulas de filosofia sempre comprovaram. A menina singular sentia falta do espaço que antigamente ocupava. E ela estava cansada demais para perceber isso. Mas quando notou não foi tarde demais, ou cedo. Foi simplesmente o instante.
E lembrou de algo que ouviu em algum lugar, de algum alguém: "Nunca pare de fazer aquilo que você ama. No seu caso, nunca pare de escrever."
Giovanna Malavolta
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