5 de dezembro de 2011

Margaridas

Ela começou a interminável ladeira a qual um dia fora tão curta. Mas naquele momento, não tão distante assim, mas longe o suficiente para refletir um sorriso e não mais um vazio, o cansaço ofegava. Céu cinza, vento gélido e um silêncio moderado de uma grande cidade não eram nada comparados à solidão que a acompanhava sem ficar para trás. Com os braços cruzados e os olhos não mais vivos e direcionados ao horizonte, ela subiu, reparando pela primeira vez na calçada em que pisava. Até que uma casa, aquela casa, chamou sua atenção como o de costume. Paredes amarelas, janelas azuis e um imenso jardim.. Este que sempre tivera aqueles anões atormentadores, com olhos grandes e gentis demais, juntamente aos cataventos. E quando ninguém parecia notar sua presença, nem mesmo os pássaros, elas sorriram. De um modo que somente elas sorriam. Então, ela, delicadamente, apanhou uma e decorou os cabelos ondulados junto a um grampo. E também expressou o que poderíamos quase classificar como um meio sorriso. E hoje, ao passar por lá novamente, cumprimentou-as, depois de tantos anos. Mas elas não ligavam para a pele envelhecida, ou as mãos já não tão joviais, ou mesmo o cabelo curto. Elas sorriram e se deixaram apanhar com a mesma vontade de 50 anos atrás. 

Giovanna Malavolta

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